terça-feira, 31 de julho de 2012

O Vinho


Capitulo 1 – O restaurante do Capo

Um grupo de pessoas toma vinhos e se diverte no restaurante de quem eles chamam de Capo. Em uma discreta mesa junto à janela uma dupla conversa sobre os presentes no recinto: 

“Esses são os mafiosos do qual te falei. Aquele é o cabeça da trupe, um italiano conhecido como Capo. Chefe ou subordinados, porém, todos devem morrer”



O mais velho da dupla aponta para um senhor bem vestido, de terno bege escuro e sapatos combinando. Por dentro, uma camisa social branca, já meio amarrotada e desabotoada devido ao desleixo causado pelo álcool. Apresenta risadas fortes assim como o porte físico. Aproximadamente 1,83 metros, mas os braços e tórax musculosos o faz parecer mais alto. Rosto comprido, com olhos e nariz grandes e barba a fazer. 

Junto ao Capo, há por volta de sete homens vestidos e bebendo da mesma maneira.  Todos estão demasiados alegres e descontraídos. Não se sabe exatamente o motivo da festa, talvez fosse a comemoração de um golpe bem sucedido, o aniversário do Capo ou simplesmente um encontro semanal.

Por outro lado, aquela dupla sentada perto da parede se compunha de um velho Mestre e um jovem Aprendiz. O Velho é um padeiro de cabelos brancos, rosto enrugado, nariz e orelhas grandes. Seu rosto não é muito expressivo e suas roupas pequenas e antiga o fazem parecer uma figura exótica. Ele descreve cada um da máfia enquanto o Aprendiz toma as devidas notas.

Capitulo 2 – O restaurante do Velho

Aquela mesma trupe se encontra na padaria do Velho. Um lugar agradável, com uma receptiva entrada de vidro e janelas largas. Do lado de fora, a deserta principal é amparada pela deficiente iluminação pública. Quatro mesas de oito lugares mais dois sofás marrons convidam os clientes a ficarem um pouco mais. Ao fundo um balcão branco de madeira de um metro e meio é seguido da área interna de trabalho. O clima de festa dos mafiosos é o mesmo da semana passada, talvez se trate de uma reunião semanal.

O Velho oferece um vinho por conta da casa e manda o Empregado servi-los. Um jovem de 22 anos, magro, cabelos loiros e olhos claros, se faz presente. Ele serve as bebidas e volta às pressas para o seu patrão. Está nervoso, parece ter medo. Suas mãos tremiam enquanto os servia.
Ao passo que todos bebem despreocupadamente, o Capo reclama – “Moleque, que porcaria é essa?”.

“É vinho, meu Senhor! Porém está misturado com um pouco de água” – imediatamente responde o 

Velho, enquanto o Empregado fica cada vez mais nervoso.

 hahaha... Velho miserável, economizando vinho barato. Eu não bebo essa porcaria!” – Explode, o Capo, com sua risada inconfundível.

Capitulo 3 – O sono.

A trupe continua sua festa, mas as risadas e gritos começam a ficar mais baixos. O silêncio vai tomando conta do recinto. O Capo reclama da falta de ânimo de seus comparsas, mas isso não os impede de cair no sono. Um dos seus cochila no meio da conversa.

Ma Vaffanculo!!!” – resmunga Capo já impaciente com a falta de companhia e empurra aquele que cochila.

Dessa vez, porém, o silêncio é total. Ele por fim percebe que seus homens não estão dormindo, mas sim, mortos.  Seus corpos estão gelados e não há pulso ou respiração.

O mesmo funério gelado sobe ao peito do Capo que agora tem a visão panorâmica de todos os seus homens caídos. Por esse instante ele perde o chão, sente medo e fica paralisado. As imagens passam em câmera lenta e o único som que escuta é os das batidas de seu coração.  Ele tenta reanima-los, deixa-os no chão, coloca-os no sofá, volta com eles para o chão novamente, fica histérico, respira fundo, mas nada muda.

Confuso, ele se lembra do vinho e percebe o que acontecera. Se volta furioso para o Velho e o Empregado, mas já não há ninguém ali.

Capitulo 4 – O beco escuro.

Sozinho e com seus homens mortos, o Capo faz o que qualquer mafioso faria; chama a polícia. Enquanto espera, vê um vulto na janela. Acompanhado de sua arma e de muito medo, vai verificar. Nada encontra, mas insiste na ideia de que alguém o observava. Continua sua busca, mas novamente ninguém.  Por fim, se encontra em um beco estreito e fechado, se alguém o vigiava, não há mais saída. Como o caminho é longo e escuro, o medo quer impedi-lo de seguir, mas a dúvida o propulsiona cuidadosamente até o fim. Finalmente, ninguém é encontrado.

Capitulo 5 – O Detetive.

A viatura já está na padaria quando o Capo chega. Ele fica surpreso com a rapidez da polícia, mas mais ainda pelo jovem que se encontra sentado com a mão na cabeça, olhos fechados e respiração concentrada. Trata-se do Empregado que o serviu.

“Desgraçado!” – sussurra o Capo, já apontando a arma para o Empregado que caindo da cadeira vê sua vida passar diante de seus olhos arregalados.  

 “Que porra é essa!?” – Grita um homem negro alto, de terno, boina e um distintivo de Detetive – “Que porra é essa, Capo!? Chega de mortes por hoje. Policias, desarmem-no”.

“Detetive, mas que surpresa, o senhor protegendo assassino? Um rostinho de menino europeu foi suficiente para te enganar ou será que o velho cão de caça está perdendo seu faro?” – provoca Capo.

Seu bandidinho de merda, não se esqueça com quem você está falando. Além do mais, o moleque já estava aqui quando chegamos e ainda não o interrogamos.” – responde Detetive.

“Não sou assassino, Senhor, pelo amor de deus. Não tenho nada a ver com isso, me escuta, por favor.” – Começa o Empregado desesperado – “Apenas servi a bebida que meu patrão mandou. Juro que não sabia que estava envenenada”.

“Então ele já estava aqui. O moleque até que é corajoso” – diz Capo – “Veio por conta própria para a boca da serpente. Quanta ingenuidade.”

“Senhor, nunca estive com um mafioso antes, com todo o respeito. Estava com muito medo, tremia o tempo todo, inclusive na hora de servir o vinho. Mas isso não significa que eu estivesse envolvido nesse plano terrível. Com todo o respeito, Senhor, eu não sabia de nada.
Senhor, eu estava muito nervoso. Quando percebi que meu patrão já havia partido e que os outros não estavam respondendo, fiquei apavorado e ... e...
 E me mijei todo. Não aguentei o medo, entrei em pânico e sai pelas portas dos fundos. Por fim me dei conta de que seria tomado por cumplice. Por isso voltei, para mostrar minha inocência e colaboração.”

O Detetive olha para as calças molhada do jovem e diz – “Escuta, moleque! É melhor você estar falando a verdade. E outra coisa; se você estiver mentido, eu mesmo acabo contigo”

“Chefe, achei algo.” – Ecoa a voz de um dos policiais.

Capitulo 6 – A sala secreta.

Um dos dois policiais acha uma entrada secreta dentro do armário, no escritório do Velho. Ela dá acesso a um pavimento subterrâneo de mais ou menos 13mx7m com decoração medieval. O chão é de madeira antiga e as paredes são limitadas pela própria terra, exceto a uma que é de tijolos. Nessa, uma espécie de altar sustenta uma caixa de madeira iluminada com lampiões. Atrás, um pergaminho envelhecido escrito em um idioma que ninguém consegue identificar.  Dois pilares se levantam ao lado do altar e junto a este, dois sepulcros, um de cada lado.

O Detetive com seus dois homens, o Capo e o Empregado olham esse cômodo estranho e imaginam que espécie de doido é esse Velho.

“Já esteve aqui, moleque?” 
“Nã... Nã... Não, Senhor” – responde o Empregado, dessa vez mais nervoso e apavorado do que antes.

Começa a busca por pista do paradeiro do Velho. O Detetive decide verificar o que de tão sagrado é mantido dentro da caixa em cima do altar.

“Isso vai ser mais complicado do que pensei.” Murmura o Detetive – “Capo, não foi o Velho que matou seus homens”

Capitulo 7 – Os Gunrinos

Uma reluzente coroa de 20 cm de puro ouro repousa nas mãos do Detetive. Apesar da escuridão, ela emite certa luz como se tive iluminação própria.

“Essa é a Coroa de Gunra, uma seita portuguesa difundida pelo mundo nas grandes navegações, mas que não teve muita aceitação devido às restrições e rituais macabros que impunha. Ela é um instrumento sagrado confiado apenas aos Hipos, uma espécie de Papa para os fieis. Todavia, essa é uma crença muito antiga. Esse Velho talvez seja o último Mestre Gunrino e essa coroa com certeza vale uma fortuna.” – Explica o Detetive.

“E como você concluiu que o Velho não é o assassino?”

“Por que os Gunrinos são proibidos de assassinar”

“Chefe, acho que encontrei o seu Papa” – o mesmo policial que encontrou a entrada secreta se destaca novamente. No sepulcro à direita do altar está o corpo do Velho, recém desfalecido.

“O maluco se matou e pelo cheiro de vinho, usou o mesmo veneno que deu a meus homens”

“Os Gunrinos não podem cometer suicídio.” Intervém o Detetive – “E se não foi o Velho, só pode ter sido seu Aprendiz, o que dorme no sepulcro da esquerda”

Capitulo 8 – O Empregado é o Aprendiz

Enquanto o Capo ainda festejava com seus amigos que aos poucos começavam a “dormir” o Velho e o Empregado abandonaram a padaria. O Empregado já imaginara que o Capo sentiria o veneno na bebida, pois, na semana anterior, o Velho o havia explicado que se tratava de um típico italiano.
Se continuasse ali, o Capo o mataria quando percebesse que tinha sido enganado. Logo, a forma que o Empregado encontrou de reaparecer na história foi tirando o Capo da padaria, ligando 190 e reaparecendo lá quando a polícia já estivesse presente. Para tal, ele se fez ser seguido pelo italiano até o beco escuro. De lá, agarrando nas frestas dentre os tijolos, escalou a parede. Do telhado ele avistou a polícia chegando, mas conseguiu correr pelos telhados e chegar segundos antes. Molhou rapidamente o meio das calças, sentou e se concentrou.

Mas agora ele está preste a ser desmascarado, pois dentro de seu sepulcro há provas incontestáveis de que ele é o Aprendiz.

Capitulo 9 – O Imprevisto

Nesse interim, o Aprendiz que já estava nervoso, fica ainda mais e impede que abram o sepulcro. Alega que não é seguro, que pode haver armadilhas e que a sala está muito escura para se defenderem. Junto a sua argumentação aflita, outra sirene soa do lado de fora. A ambulância acaba de chegar.
A reação do Empregado traz suspeita aos policias e certeza ao Capo.  Todavia, a notícia repentina de um médico toma a atenção de todos.

“Temos alguns vivos aqui. Precisamos de ajuda

O veneno não cumpriu seu dever com alguns e a situação do Aprendiz se complica ainda mais. Um dos mafiosos alega tê-lo visto chegar e molhar as calças instantes antes da polícia aparecer. A certeza do Capo se consolida, mas o Detetive ainda tem algumas perguntas, tal como a morte do Velho.

Capitulo 10 – O Problema.

A ambulância parte às pressas levando as vítimas. De volta à sala secreta, o Detetive abre o sepulcro da esquerda esperando encontrar alguma prova que solucione esse mistério. O Aprendiz tenta impedi-lo, mas dessa vez é detido pelos policiais. 

Dentro do sepulcro há um corpo.

O Detetive não consegue entender o que está acontecendo e tão pouco o Aprendiz. O Detetive questiona que se o Aprendiz e o Mestre estão mortos em seus sepulcros, quem terá sido o protagonista da história? Por outro lado, o Aprendiz se pergunta de quem é aquele cadáver, quando e quem o colocara em seu sepulcro.

As duas primeiras perguntas do Aprendiz são respondidas ao se iluminar a vítima. Trata-se do Capo.

Capitulo 11 – A Dúvida, o Medo, a Suspeita.

O quebra-cabeça fica demasiado complicado para o Detetive. Ele não consegue entender quem matara o Capo e nem quando. O Empregado não poderia ter sido, pois estava o tempo todo ao seu lado. Da mesma forma seus homens estavam ajudando a levar as vítimas para a ambulância.

“Terá sido algum enfermeiro? Mas por que e principalmente como? Eu teria notado suas roupas brancas sujas de sangue. E quando foi que o Capo desapareceu que eu não vi?”

O Aprendiz também está confuso.

“Quem terá assassinado o Capo e por quê? Quem difamou meu leito com seu corpo injusto?”

O Detetive já não confia mais na segurança do local, assim como não tem provas contra o Aprendiz. Na verdade, o que o Detetive tem é medo e insegurança. Ele quer abandonar aquela sala macabra, deitar com sua mulher e esquecer essa noite estranha. Logo, recolhe seus homens, isola a padaria, pega os dados do Aprendiz e vai para a casa.

Na mesma madrugada, a padaria é incendiada. O Aprendiz ouve o alarme e corre para salvar o Templo. Todavia, o fogo já consumira o local e a Coroa desaparecera.

Capitulo 12 – O Novo Mestre.

No caminho de volta o Aprendiz encontra a Coroa de Gunra cuidadosamente repousada no meio da rua. Junto dela um homem com fisionomia familiar.

“É você, Mestre? Mas como?”

Meu querido Aprendiz, hoje acordei meio atordoado. Estava no meu leito e havia muita gente discutindo no Templo. Não entendi aquela agitação até que o rosto do Capo me fez lembrar e entender o que acontecia. O veneno que me deste não foi suficiente para me matar. Também notei que você estava preste a ser desmascarado, mas eu não podia fazer nada. Por sorte a ambulância chegou, esvaziou a sala e então tive a chance de agir. Enquanto todos se distraiam com os cuidados médicos, cuidei de sumir com suas provas. Todavia o Capo percebeu minha presença na sala e desceu. A única saída que me restou foi usar o Machado de Paulo e então voltei para meu leito.”

“Mestre, isso significa ...”

“Sim!”

“Você descumpriu seu juramente além de difamar meu leito.”

“Espero que me perdoe, Jovem, pois agi com o coração. Não o suportaria ver na prisão. Depois disso o Templo deixou de ser sagrado e eu deixei de ser Mestre. Por isso incendiei a padaria e te trouxe a Coroa de Gunra. Espero que você tenha a mesma sorte que eu tive ao encontrar um Aprendiz. Que ele siga seus passos e execute as tarefas que não te são permitidas. Agora você é um Mestre Gunra, lembre-se da responsabilidade que lhe é dada, agora, você é o último Gunrino.”

2 comentários:

  1. Guilherme vc é mto fértil!!!!!!!!
    heeheheheehhhh

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  2. ois!
    só vim comentar rapidinho pra dizer que tô sem internet em casa por ter mudado de apartamento (no momento tô num pc da ufjf na maior pressa)
    não queria que parecesse que eu sou mal educada e ignorei seu blog hahaha
    assim que a velox tomar vergonha na cara, eu leio os capítulos e tento adivinhar o desfecho :)
    até mais!

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